quarta-feira, outubro 27, 2004

Não te dizia

Vicente:
Eu não te dizia?!!!
Afinal não é necessário fazer nenhuma experiência. As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa à AACS confirmaram as fortes suspeitas.
Fica bem se puderes

terça-feira, outubro 26, 2004

Blogs

Vicente:
Cá vai outra carta.
Depois dos diversos escândalos que temos vindo a assistir, que obviamente são veiculados pelos diversos órgãos de comunicação social, ocorreu um que me fez pensar mais profundamente naquilo que é a informação e daquilo a que ela está sujeita. Foi o caso de Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois deste acontecimento nunca mais pode haver certezas de que a informação é isenta face a pressões que se suspeitavam mas de que se não dava conta com esta evidência. O Rei vai nu. Sempre foi assim mas muita gente não via ou não queria ver a não vestimenta dessa majestade.
Agora não há desculpa para fazer que se ignora. Mas sendo os meios de comunicação tradicionais os alvos preferenciais do poder (e não só), acaba por ficar pouca margem de manobra para a informação. Felizmente que está a surgir um novo meio de informação. Os "Blogs". Quer queiramos quer não, é aí que se pode discutir como num Ágora, e não há outro processo. Não sejamos ingénuos ao pensar que os servidores que suportam esses "Blogs" são o modelo de isenção. Existe mesmo assim algum controlo por meio de um código a que o "bloguista" é obrigado a cumprir, mas mesmo assim permite uma aproximação maior ao discurso num qualquer "Wide Park" do que um coluna de opinião do leitor, seja em que jornal for. Se não acreditas tenta.
Agora não digas que não te avisei.

segunda-feira, outubro 11, 2004

A rã e o escorpião

Vicente:
Há bastante tempo que não te escrevo. O tempo passa enquanto ando a navegar pelo mundo das ideias e de outras coisas. Olha que não tenho estado lá muito satisfeito, porque os factos que as alimentam não constituem notícias agradáveis e isso tem-me feito pensar num lugar comum. O homem transporta consigo o gene da sua própria destruição. Afinal não é de espantar pois os seus genes já têm codificada a sua morte.
A propósito de morte, há gente, nomeadamente políticos da nossa praça, que evidenciam este facto de uma forma sonante.
Este tem sido o caso dos últimos acontecimentos políticos cá e lá fora.
Por isso lembrei-me de uma narrativa que não é nem fábula nem anedota, mas simplesmente aquilo que tu quiseres.
Aqui vai:

A rã e o escorpião
Certo dia abateu-se sobre a savana uma chuva torrencial. Já há muito tempo que tal fenómeno não era visto. Ficou tudo inundado e os locais altos formaram ilhas umas maiores outras mais pequenas.
Era de facto desolador. Os animais que tinham sobrevivido estavam nas ilhotas que se estendiam pela paisagem, ou nas encostas das suaves colinas que a água não tinha alcançado.
Quis o acaso que uma rã e um escorpião tivessem sobrevivido e tivessem encontrado abrigo na mesma minúscula ilha que se encontrava próximo de terra firme.
O escorpião olhando ao redor ficou ciente que se ali permanecesse durante muito tempo morreria de fome pois para além dele só tinha avistado uma pequena rã.
Constatado o facto, aproximou-se mansamente da rã e propôs-lhe:
- Oh! rã, repara que estamos sós numa pequena ilha e se aqui ficarmos acabamos por morrer de fome. Podias levar-me às tuas costas para a terra firme visto saberes nadar e eu não. Depois eu veria como te ajudar nesta calamidade, retribuindo-te o favor.
A rã desconfiada, pois conhecia a fama do escorpião, disse:
- Oh! escorpião, o que me pedes é para mim um risco muito grande. Já reparaste que enquanto eu nadasse tu poderias picar-me e eu morreria!
O escorpião contra-argumentou:
- Não estás a ver bem o problema. Se eu te matasse enquanto atravessavas a nado comigo às costas eu também morreria afogado. É pois isto uma garantia de que eu não te faço mal.
A rã convencida com tão forte argumento anuiu em levar o escorpião às costas.
Mas já a meio caminho o escorpião enfiou-lhe o ferrão envenenado no pescoço.
A rã sentido a picada disse:
- Ah! escorpião! És louco? Não vês que assim também morres?
O escorpião respondeu:
- Sabes rã, isto, está-me na massa do sangue.
Assim morreram a rã e o escorpião.

Pois é Vicente as coisas, por incrível que pareça, são assim na vida real, independentemente de os protagonistas terem tido outras intenções ou não. Portanto cuida-te deles.